terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O envelhecimento no Brasil

Todos sabemos que o processo de envelhecimento no Brasil hoje é uma realidade e que ocorreu de maneira abrupta.  Até algumas décadas atrás éramos considerados um país jovem. Na Copa do Mundo de 1970 cantávamos: “90 milhões em ação, prá frente Brasil....” - éramos um país com 90 milhões de habitantes,  possuidor de uma população jovem.

Em 2010, o censo IBGE apresentou uma população total de mais de 190 milhões de habitantes, sendo que o número de pessoas com 60 anos e mais, passou de 20 milhões. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) apresentou em 2012 um total de 23 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Segundo projeções, em 2025 o país terá 32 milhões de idosos e será o 6º país em número de idosos no mundo.

 É importante ressaltar que o estado do Rio de Janeiro é a unidade da federação com maior percentual de idosos- mais de 2 milhões.
 
  • As pessoas vivem mais devido à melhoria na nutrição, nas condições sanitárias, nos avanços tecnológicos e da medicina, nos cuidados com a saúde, na educação e nas condições econômicas e sociais.
 
  • O envelhecimento apresenta implicações importantes para todos os setores (saúde, previdência, assistência social, educação, etc).

 A questão do idoso no país deve merecer cada vez mais o interesse dos órgãos públicos, dos formuladores de políticas sociais e da sociedade em geral, dado o volume crescente deste segmento populacional, seu poder de compra, seus padrões de consumo, suas demandas sociais, culturais e outras.

Pensar políticas públicas que deem ao idoso condições para desfrutar de uma vida com dignidade

Diante destes fatos e frente às matérias sobre questões críticas do envelhecimento no Brasil publicadas em série pelo jornal O Globo, desde domingo dia 16 de fevereiro, o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) representa uma resposta às demandas sociais no Estado do Rio de Janeiro. O Cepe, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), foi criado em 2012, pelo Instituto Vital Brazil, como um espaço de discussão de temas relacionados ao envelhecimento, de capacitação de profissionais e cuidadores envolvidos na atenção ao idoso e de pesquisas que embasem novas propostas para a efetivação de políticas públicas, principalmente as de saúde. Por meio de debates, cursos e seminários abertos ao público, de interesse tanto para profissionais, quanto para os próprios idosos, são abordados temas voltados para a prevenção de agravos e promoção da saúde para um envelhecimento ativo.

O CEPE tem como proposta de trabalho a elaboração de políticas públicas que contribuam para a melhoria de qualidade de vida da população idosa. Possui equipe multiprofissional com formação geriátrica/gerontológica para avaliação de idosos frágeis, referenciados, que requeiram atendimento biopsicossocial, que são incluídos em projetos de pesquisa para testagem de novas modalidades de atendimento. Além disso, há também a parceria com instituições de ensino de relevância para certificação de diversas propostas – PUC, UFF, UFRJ, FGV, entre outras.

Formar pessoas para uma melhor visão geriátrica e gerontológica, com o objetivo de enfrentar precocemente os problemas e agravos relacionados às pessoas idosas, trabalhando numa perspectiva de sensibilidade e solidariedade para com aqueles que muito contribuíram para a construção desse país, torna-se com certeza uma economia para os órgãos públicos, para a família e para o próprio idoso.

Se, por um lado, a longevidade dos indivíduos decorre do sucesso de conquistas no campo social e da saúde, o envelhecimento, como um processo, representa novas demandas por serviços, benefícios e atenções que se constituem em desafios para governos, sociedade e familiares do presente e do futuro, mas, acima de tudo, este cenário deverá estar marcado por um horizonte de solidariedade: entre familiares, entre gerações, entre amigos e entre os próprios idosos.

Com certeza o CEPE busca esse caminho; apesar de ser uma instituição tão jovem, tem como missão se tornar uma referência na busca pela formulação de propostas para os mais velhos habitantes desse estado.

 Luiza Machado
Assessora da Direção
Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Tecnologias de informação e comunicação (TICs) como contribuição ao cuidado do idoso dependente

Em todo o mundo as pessoas alcançam idades cada vez mais avançadas, expressas no envelhecimento ativo das populações idosas, mas também na dificuldade de realização das atividades de vida diária, decorrente de fragilidades e de doenças que não podem ser curadas. Tais condições prolongadas do idoso requerem um continuum de cuidados que se estendem por um período de considerável duração.
 
As profundas transformações sociais iniciadas em meados do século XX vêm afetando a estrutura familiar, constituída a partir de um núcleo que já não inclui as pessoas idosas antes cuidadas pelas mulheres, tradicionalmente responsáveis pelo cuidado das crianças e dos velhos. Essa naturalização do papel da mulher passa por mudanças que influenciam o cuidado do idoso dependente no que se refere às possibilidades de realização das atividades de vida diária.
 
Experiência Europeia
 
A busca de soluções para os desafios do envelhecimento pode ser constatada na “Agenda Digital para a Europa” (Digital Agenda for Europe) proposta em 2010 para os países da União Europeia, com metas previstas até o ano de 2020. Para a implantação dessa agenda estratégica para 10 anos, a Comissão Europeia criou um programa conjunto (joint programme) com o intuito de desenvolver um mercado digital único, visando um “crescimento inteligente, sustentável e socialmente inclusivo”.
 
Entre as iniciativas da “Agenda Digital para a Europa”, foi criada a organização “Ambient Assisted Living Association” (AAL), para aplicação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) a “ambientes assistidos”, voltados às pessoas idosas em suas residências. O objetivo é promover o envelhecimento ativo e saudável por meio de soluções baseadas nas TICs.
 
A atuação da AAL inclui a realização do evento “ENABLERS FOR SUCCESS - E4S CONFERENCE”, que teve a edição de 2014 no mês de janeiro, em Barcelona, como um espaço para o intercâmbio de notícias, visões e idéias com vistas ao planejamento de novas iniciativas que assegurem o suporte das TICs ao envelhecimento ativo e saudável em todo o território europeu. A conferência contou com a participação de experts, além de desenvolvedores de tecnologias de informação e comunicação, prestadores de serviços, cuidadores, usuários finais e formuladores de políticas.
 
Convidado para a Conferência, Alexandre Kalache, médico e gerontólogo brasileiro, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil – ILC-BR), foi Keynote Speaker com a palestra "Enabling Active Ageing in an Age-friendly Society".